20 de dezembro de 2010

18 de dezembro de 2010.



 O Tempo Sobre Mim. Quatro instalações dentro de um mundo de informações. Cinco mulheres nuas.  O tempo passa e nossos corpos são modificados. A minha proposta era de total imobilidade, mas a quantidade de soro não daria o efeito desejado e tive que movimentar minha cabeça em alguns momentos. Fui surpreendida pelo público, não imaginei que eles iriam interagir comigo. Mudaram a posição dos fios soltos, colocaram tinta no meu rosto, mexeram no regulador do soro e misturam as cores do meu corpo com a mão. Esperei alguém mudar minha posição, mas não aconteceu. Descobri, depois dessas experimentações, que adoro trabalhar com o público dentro da cena, eles conhecem nossas limitações e nós o que eles podem nos oferecer como resposta a partir de uma sugestão. Me expus e estava sujeita a tudo! Minha fonte de inspiração foi a tela La Coiffeur de Henri Matisse, fiz uma busca no Google com a palavra tela viva e apareceu essa tela, dentre outras. Comecei a observá-la e pra mim essa mulher sai da tela. Pesquisei sobre o autor da obra e ele fazia parte do Movimento Fauvista, onde as cores primárias eram predominantes e exaltadas, assim como a espontaneidade, liberdade e a arte institiva. Conversei bastante com Leônidas, meu diretor, e o resultado final foi esse:


Fui surpreendida pelo público quando ele interferiu na minha instalação. Pensei estar segura no meu espaço, mas o invadiram e as intervenções se iniciaram. Havia pensado apenas na apreciação das cores caindo no meu corpo, mas de repente as pessoas alteravam o fluxo dos pingos no tubo do soro, elas escolhiam o lugar onde a tinta ia cair, na orelha, rosto, braços. Pingos descontrolados nas minhas costas, uma cor gelada na orelha, no rosto. Dedos que misturavam as cores, mãos deslizando pelo meu corpo. Já quase no final alguém tocou no meu braço e depois misturaram todas as cores das minhas costas com as mãos. Quando sentei naquele banco com a tela branca, não tinha noção do que estava por vir. A primeira gota vermelha na tela escorrendo me fez sentir uma vontade imensa de chorar. Era só o que queria... Sentir o público me observando e não reconhecer ninguém, não poder olhar para as minhas colegas de trabalho, eu estava lá sozinha, eu, a tela e as tintas. Todos os meus sentidos estavam bastante aguçados, o isolamento me causou isso. Não podia olhar pra trás, mas podia sentir, o que é muito melhor. Uma poça colorida se formou no meu colo, uma mistura de cores belíssima! A tela estava cheia de pingos vermelhos e do nada o azul apareceu por lá. A todo instante uma nova surpresa. Depois o amarelo, o toque no meu corpo. Pura intensidade!

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